Outubro Rosa: como o sono é modificado em mulheres com câncer de mama?

O sono e a fadiga são duas situações bem comuns durante o tratamento do câncer de mama. Neste Outubro Rosa, queremos falar com você sobre a importância de pacientes oncológicos buscarem ajuda médica especializada em relação ao sono.

No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais frequente em mulheres de todas as regiões do país, com taxas mais altas no Sul e Sudeste. No ano de 2023, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima 73.610 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 casos por 100.000 mulheres;

Boa parte dessas mulheres irá apresentar fadiga e sono excessivos. Quando isso acontece, a qualidade de vida é significativamente impactada. Pensando nisso, resolvemos explicar melhor por que isso acontece e como combater os sintomas. 

Continue a leitura e descubra!

 

Como o sono e o cansaço se manifestam em pacientes com câncer de mama?

 

Em geral, indivíduos saudáveis se recuperam do cansaço após uma noite de sono apropriada. Porém, pessoas com câncer de mama estão mais propensas a se sentirem esgotadas. É provável que mais de um fator cause esse sintoma, levando em conta aspectos como a evolução da doença, os efeitos colaterais do tratamento e as condições psicológicas do paciente. 

 

Espera-se que os tratamentos de quimioterapia e radioterapia provoquem fadiga e sono em diferentes graus. Uma das explicações para isso é o desenvolvimento do tumor no organismo, pois ele precisa de “energia” para se desenvolver. Por isso, as células tumorais roubam calorias e nutrientes das células normais, levando à fadiga. 

 

O organismo procura reparar as células saudáveis que foram destruídas pelo tumor. Assim, ele precisa realizar um esforço maior. Além disso, enjoos, vômito e perda de apetite são usuais no tratamento e podem agravar o mau sono e a sensação de fadiga constante.

 

A dificuldade na manutenção do sono pode ser associada ao diagnóstico, ao estresse, à ansiedade ou a outros sintomas relacionados ao próprio tratamento como a dor, a náusea e até mesmo a própria fadiga. A preocupação  é  intensificada  nas  mulheres  com  câncer  de  mama. Estudos apontam que a fadiga e os distúrbios do sono são os sintomas mais relatados por mulheres em tratamento para câncer de mama inicial e, dentre estes, a fadiga estava entre os mais angustiantes

 

O quão comum é esse quadro?

 

A fadiga é o efeito colateral mais comum na maioria dos cânceres de mama. Encontramos pesquisas que indicam prevalências de quadros de fadiga que oscilam entre 80% e 100% das pacientes. Há, ainda, estimativa de que 30% das pacientes apresentam um grau de cansaço severo 1 ano após o tratamento. Fatores como idade, sedentarismo, obesidade e aspectos psicológicos contribuem para uma prevalência maior da fadiga e dos distúrbios do sono.

 

Há estudos que comprovam a relação entre câncer de mama e sono?

Sim! Inclusive, um dos estudos mais recentes sobre o assunto foi realizado por pesquisadores da Universidade de Santa Maria (UFSM). O objetivo dos pesquisadores foi identificar a ocorrência de alterações no sono antes, durante e após o tratamento quimioterápico e correlacionar as alterações do sono com episódios de fadiga em mulheres com câncer de mama. 

Participaram do estudo 26 mulheres seguidas no Ambulatório de Mastologia de um hospital universitário e que responderam ao Pittsburgh Sleep Quality Index e à Functional Assessment of Cancer Therapy Fatigue. Avaliou-se o sono e a fadiga em três momentos. 

 

O resultado apontou que as participantes apresentaram distúrbios do sono ao longo do tratamento, caracterizados por calor noturno e dificuldade em iniciar o sono. Houve também correlação entre sono e fadiga, com a má qualidade do sono aumentando os episódios de fadiga.

 

O que fazer para reduzir esses sintomas?

 

O primeiro passo é analisar a condição clínica do paciente para averiguar se não existe nenhuma outra doença associada,como depressão, ansiedade, apneia do sono, anemia e problemas na tireoide, por exemplo. Qualquer uma dessas condições pode intensificar os sintomas de má qualidade do sono e fadiga. É importante começar tratando esses fatores.

 

Outras medidas incluem

 

  • Atividades físicas: melhora a sensação de mal-estar. Mexer o corpo faz bem! É essencial que se comece aos poucos, respeitando os limites do corpo. Recomenda-se praticar exercícios físicos no período de melhor disposição do dia, evitando horários mais noturnos, pois há chance de afetar o sono.

  • Alimentação equilibrada: aliada para recuperar os nutrientes gastos. Consumir bastante proteína, frutas e verduras faz toda a diferença.

  • Intervenções medicamentosas: o médico irá avaliar quais remédios podem contribuir para melhorar o quadro apresentado pelo paciente.

  • Apoio psicológico: problemas psicológicos podem agravar o mau sono e a sensação de cansaço. O apoio de um psicólogo auxilia a gerenciar melhor as emoções que surgem ao longo do tratamento do câncer de mama.

  • Acompanhamento com um médico especialista do sono: médicos especialistas em sono são bem importantes para diagnosticar o distúrbio correto e iniciar a melhor terapia, adaptando-a às necessidades do paciente. 

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